2009-02-21

Saudades do Verão



Saudades vossas, das t-shirts, das saias, dos allstar rotos, das alfaces, dos furinhos em forma de estrela no MusicCard, das mantas verdes, do stand da cp, dos chupas, dos brindes todos, do Josué, dos pasteis, do Mancha, da casa da Vaninha, do Porto sempre perfeito, da casa do pai da Ana, das calçadas de Lisboa calcorreadas convosco, do miradouro da Graça, das sandes de salsicha com queijo dentro, das viagens, dos comboios como rotina, das paisagens de norte a sul, dos festivais, todos, do sol na cara, do protector solar, da praia da Zambujeira e da praia dos Alteirinhos, do Ben&Jerry de cheesecake, de banana com biscoitos, de cereja, dos cereais, dos pacotinhos de Mimosa, da musica, dos concertos todos todos todos, do pão com chouriço, da emoção de ver o T na Telepizza, da relva seca, de ouvir The Story, moche à Joana e o Cajó a toda a hora, de sentar no chão em todo o lado AQUI AQUI AQUI AQUI AQUI, de deitar no chão em todo o lado, das estações de comboio, da poeira, dos banhos frios, das vossas, nossas, gargalhadas, dos pastéis de belém que sabem melhor convosco, dos jardins de belém, do "que cheiro a sardinhas!", da Quechua, do 402 ou 204, do frio à noite e do calor de manhã, da Rita e do Nuno, dos vizinhos espanhóis e ingleses, da falta de secador do cabelo, dos walky-talkies, da campainha do telémovel da Danurya, da minha mochila, do meu saco-cama, de chegar a casa e já estar a despedir-me, das pulseiras de plástico de todas as cores. Saudades vossas. Repetimos?

2009-02-20

Não há nada como...

Um céu azul e límpido e um sol de meio-dia sobre uma planície alentejana.

Carnaval


Eu Ninguém - Clã

eu ninguém
eu ninguém comigo só
posso ser
travesti de quem quiser
manequim de bazar
ou rainha do lar
madame butterfly
barbie suzie dolly polly pocket

tudo bem
mas eu posso ser também
emanuelle
lady miss mademoiselle
num harém meretriz
ou apenas actriz
o espelho me diz
gueixa vénus eva dama virgem mãe

é que eu sei
o que eu sou e o que não sou
mas é claro
o que eu for eu sou
sem ninguém
só o que eu tenho a saber
é quem de nós cem
hoje eu vou ser

pó de arroz
rímel óculos baton
sutiã
armadilha de satã
salomé rapunzel
ou beata de véu
um anjo cruel
fada vaca gata dona do bordel

é que eu sei
o que eu sou e o que não sou
mas é claro
o que eu for eu sou
sem ninguém
só o que eu tenho a saber
é quem de nós cem
hoje eu vou ser

sei lá, sei lá
sei lá, sei lá
sei lá, sei lá
sei lá

2009-02-16

Notas

A música faz parte de mim. É uma grande fracção do que sou, do que fui e daquilo em que me construo à medida que avanço. É parte do meu dia, está em tudo o que vejo e naquilo que oiço. Nas palavras, ainda que pronunciadas sem qualquer intencionalidade melódica. As palavras são, talvez, aquilo que mais me interessa na musica. As palavras dentro da música e as palavras que saem da música, que a própria música suscita. Porque até todo o instrumental tem palavras, se ouvirem bem elas estão lá. Apreendo músicas novas sempre que posso e com isso, novas palavras que formam novos sentidos, trazem novas verdades. Mas há sons, algumas músicas, que já cá estão desde sempre, diria eu. Não sei quando apareceram ou se sempre cá estiveram. Já fariam sentido aquando das aguas profundas do ventre da minha mãe? Terão aparecido no berço, mais tarde? Não sei. Tampouco importa. Estão desde sempre digo, porque desde sempre me lembro dessas melodias e, principalmente dessas palavras. Porque ao ouvi-las me nascem no espírito e me florescem na boca, como se nunca tivesse aprendido a juntá-las daquela maneira, como se aquelas construções sempre ali estivessem estado. Nas várias fases da vida essas palavras dentro dessas músicas têm novos significados e por isso sei que são perfeitas, porque nunca se gastam e nunca acabam de me ensinar. Não são umas palavras comuns, vulgares. São as mais bonitas. E os blocos que constroem são as frases também elas as mais bonitas. Quem as juntou assim e, com toda a mais perfeita métrica escreveu de fundo as mais bonitas melodias são aqueles que sei os maiores poetas. Chico Buarque e Sérgio Godinho existem em mim desde que me lembro, desde sempre. E esta música é a junção desses dois génios.

Um Tempo Que Passou

Música: Sérgio Godinho
Letra: Chico Buarque

Vou
uma vez mais
correr atrás
de todo o meu tempo perdido
quem sabe, está guardado
num relógio escondido por quem
nem avalia o tempo que tem

Ou
alguém o achou
examinou
julgou um tempo sem sentido
quem sabe, foi usado
e está arrependido o ladrão
que andou vivendo com meu quinhão

Ou dorme num arquivo
um pedaço de vida
a vida, a vida que eu não gozei
eu não respirei
eu não existia

Mas eu estava vivo
vivo, vivo
o tempo escorreu
o tempo era meu
e apenas queria
haver de volta
cada minuto que passou sem mim

Sim
encontro enfim
iguais a mim
outras pessoas aturdidas
descubro que são muitas
as horas dessas vidas que estão
talvez postas em grande leilão

São
mais de um milhão
uma legião
um carrilhão de horas vivas
quem sabe, dobram juntas
as dores colectivas, quiçá
no canto mais pungente que há

Ou dançam numa torre
as nossas sobrevidas
vidas, vidas
a se encantar
a se combinar
em vidas futuras

Enquanto o vinho corre, corre, corre
morrem de rir
mas morrem de rir
naquelas alturas
pois sabem que não volta jamais
um tempo que passou

(Ou dançam numa torre...)

(Enquanto o vinho corre, corre, corre...)

O Lugar - Tiago Bettencourt


Já é noite e o frio
está em tudo que se vê
lá fora ninguém sabe
que por dentro há vazio
porque em todos há um espaço
que por medo não se ve
onde a solidão se esquece
do que o medo não previu

Já é noite e o chão
é mais terra para nascer
a água vai escorrendo
entre as mãos a percorrer
todo o espaço entre a sombra
entre o espaço que restou
para refazer a vida
no que o medo não matou

mas onde tudo morre tudo pode renascer

em ti vejo o tempo que passou
vejo o sangue que correu
vejo a força que moveu
quando tudo parou em ti
a tempestade que não há em ti
arrastando para o teu lugar
e é em ti que vou ficar

já é dia e a sombra
está em tudo que se ve
lá fora ninguém sabe
o que a luz pode fazer
porque a noite foi tão fria
que não soube acordar
a noite foi tão dura
e difícil de sarar

mas onde tudo morre tudo pode renascer

em ti vejo o tempo que passou
vejo o sangue que correu
vejo a força que moveu
quando tudo parou em ti
a tempestade que não há em ti
arrastando para o teu lugar
e é em ti que vou ficar

eu já descobri a casa onde posso adormecer
eu já desvendei o mundo e o tempo de perder
aqui tudo é mais forte e há mais cor no céu maior
aqui tudo é tão novo tudo pode ser meu

mas onde tudo morre tudo volta a nascer

em ti vejo o tempo que passou
vejo o sangue que correu
vejo a força que moveu
quando tudo parou em ti
a tempestade que não há em ti
arrastando para o teu lugar
e é em ti que vou ficar

já é dia e a luz
está em tudo que se vê
cá dentro não se ouve
o que lá fora faz chover
na cidade que há em ti
encontrei o meu lugar
é em ti que vou ficar.

Hoje era mesmo isto...


Patrocinado pela Pastelaria Tico-Tico - Campus da FCT

2009-02-15

Rodrigo Leão - Voltar




Manhã Cinzenta
Faz-me chorar
A chuva lembra
O teu olhar
As folhas mortas
Caem no chão
A dor aperta
O coração
Quanto eu não daria
Para poder voltar atrás
Volta p'ro meu peito
Daqui não saias mais

Perdi-me amor
Para te encontrar
Na solidão
Do teu olhar
No teu olhar
Se perde o meu
Também o mar
Se perde no céu
Quanto eu não daria
Para poder voltar atrás
Volta p'ro meu peito
Daqui não saias mais


Gota d'Água



Gota D'água
- Chico Buarque

Já lhe dei meu corpo, minha alegria,
Já estanquei meu sangue, quando fervia,
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta, pro desfecho da festa
Por favor
Deixa em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não,
Pode ser a gota d'agua,
Deixa em paz meu coração,
Que ele é um pote até aqui de mágoa,
E qualquer desatenção, faça não,
Pode ser a gota d'agua !
Já lhe dei meu corpo, minha alegria,
Já estanquei meu sangue, quando fervia,
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta, pro desfecho da festa
Deixa em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não,
Pode ser a gota d'agua

Arctic Monkeys - Old Yellow Bricks


Rota de colisãO

Lá, entre o Sol e o Si